O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, defendeu nesta terça-feira, 9, a “paz política na Venezuela” após uma reunião em Caracas com seu contraparte Nicolás Maduro, uma semana depois de classificar como um “golpe antidemocrático” a inabilitação da principal rival do líder socialista.
“A paz política na Venezuela também pode ser a paz armada na Colômbia, e nisso há um terreno a ser construído rapidamente, urgentemente”, disse Petro em declarações à imprensa no palácio presidencial de Miraflores, acompanhado por Maduro. “A Colômbia pode ajudar muito na paz política”, manifestou.
Em 1º de abril, Petro havia classificado como um “golpe antidemocrático” as sanções administrativas que impedem opositores, incluindo a ex-deputada María Corina Machado, favorita nas pesquisas, de concorrer nas eleições presidenciais de 28 de julho. Foi uma crítica inédita a Maduro, a quem ele tem sido um forte aliado.
Maduro ratificou a “disposição” de seu país em apoiar as negociações empreendidas pelo governo de Petro com a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN), em um processo semelhante ao que levou, em 2016, a um acordo de paz com as hoje dissolvidas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
“A Venezuela sempre estará pronta, disposta e à disposição de vocês para ajudar, além do que for possível, a construir a paz na Colômbia, porque a paz na Colômbia é a paz na Venezuela”, comentou.
Venezuela tem prevista para esta semana uma nova rodada de negociações entre o governo da Colômbia e o ELN. Em uma declaração conjunta, os presidentes reafirmaram “o compromisso mútuo de apoio à paz, estabilidade política, social e econômica em ambos os países, especialmente no que se refere ao papel da Venezuela como garantidora dos processos de diálogo” entre o governo colombiano, o ELN e dissidentes das Farc.
O documento acrescenta que concordaram em “continuar avançando” em “investimentos conjuntos em gás e petróleo, bem como no impulso de projetos de energias limpas”.
O caso de Glas
Petro e Maduro discutiram também questões internacionais, como o assalto policial à embaixada do México no Equador para capturar o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, asilado e acusado de corrupção.
Os presidentes “exortam o Equador a restituir imediatamente a condição de asilado do Sr. Glas e manifestam sua solidariedade ao governo do México”, segundo a declaração conjunta.
O encontro desta terça-feira foi o quinto oficial entre os dois desde que Petro assumiu o cargo em agosto de 2022 e retomou as relações com seu vizinho. Eles também tiveram dois encontros no âmbito de fóruns internacionais.
Colômbia e Venezuela romperam relações por três anos, após o então presidente Iván Duque (2018-22) não reconhecer a reeleição de Maduro em 2018, entre denúncias de fraude. Os governantes de esquerda concordaram em “manter contatos frequentes e intercâmbio permanente”.