Uma tecnologia amplamente utilizada no setor petrolífero está prestes a transformar a sustentabilidade do etanol, tornando sua pegada de carbono negativa. O processo de captura e armazenamento de carbono, conhecido como CCS (Carbon Capture and Storage), é uma chave para essa inovação, segundo o geólogo e professor da USP, Colombo Tassinari. A técnica, que envolve a injeção de CO2 em campos petrolíferos para facilitar a remoção do petróleo, agora promete revolucionar a produção de biocombustíveis.
O CCS é considerado a tecnologia mais eficiente para o armazenamento rápido de grandes volumes de carbono, integrando a rota de descarbonização proposta pela ONU. O setor de etanol, especialmente no Brasil, está bem posicionado para se beneficiar dessa tecnologia. Tassinari, que participará do ‘Carbonless Summit’ em São Paulo, destaca as oportunidades de negócios que o CCS pode trazer para o setor sucroenergético.
O evento, que reunirá especialistas de diversos países, discutirá como as tecnologias do setor petrolífero podem ser adaptadas para o armazenamento de carbono, aumentando a redução de emissões já alcançada pelo etanol. Atualmente, o etanol de cana-de-açúcar brasileiro reduz em até 90% as emissões de gases de efeito estufa. Com o CCS, essa redução pode se tornar negativa, capturando mais carbono do que é emitido durante a produção.
Everton Oliveira, presidente da Hidroplan e organizador do evento, vê uma oportunidade para que mais de 360 usinas de etanol no Brasil se tornem líderes globais no mercado de créditos de carbono. Isso abriria novas fontes de receita, permitindo que o etanol fosse comercializado com ágio em mercados internacionais que valorizam biocombustíveis com pegada de carbono negativa.
Carlos de Mathias Martins Jr., especialista em créditos de carbono, acredita que o CCS pode trazer ganhos financeiros para as usinas. Além da geração de créditos de carbono, a certificação do etanol como “zero emissor” ou “emissor negativo” pode aumentar seu valor no mercado internacional. Investidores e empresas de serviços de CCS estão atentos a esse mercado promissor.
O Projeto de Lei do Combustível do Futuro, que estabelece o marco regulatório do CCS no Brasil, é visto como um passo crucial para a implementação dessa tecnologia. Isabella Morbach, diretora da CCS Brasil, destaca que a nova legislação destravará projetos já em andamento, impulsionando o setor.